Onças no meu encalço

As Onças estão no meu encalço, elas me perseguem com vigor e eu nem sei explicar como eu vim parar aqui.. qual foi a gatilho dessa vez?
O reflexo do espelho me incomoda, esse rosto sorridente não reflete o que eu sou.. todos esses anos que passei em constante guerra.. acho que agora sou maduro o sucifiente para conseguir erguer minhas mãos e agradecer por mais uma derrota.
Hoje estou ardilosamente calado pois sei que a qualquer momento tudo isso vai ruir.

Eu fui feito de um molde quebrado? Meu sangue é escuro e impuro, minhas mãos geladas tentam alcançar o calor do sol, cada erro que eu tenha cometido vai voltar para me caçar, buscando redenção ao socorrer outras vítimas de tempestades. Todos os meus sonhos estão mortos e logo eu também estatei, eu estou muito mais perto do penhasco do que da salvação.

Eu falhei com tudo e com todos e principalmente comigo mesmo.

Agora consigo ver com leveza que todos esses anos eu apenas adiei o inevitável, meu destino é cometer suicídio.
Eu estou suficientemente convencido que chegou o momento certo de desistir, sem mais rodeios, sem ressentimentos pois tenho a segurança em saber que eu tentei... eu realmente tentei vencer.

Estou em um processo silencioso de despedida, desligando os sistemas e apagando as luzes sem alarde, essa é uma decisão inconsequente e muito consciente.

empilhadas

As lágrimas estão empilhadas em um engarrafamento esperando as obras neste meu coração tristonho terminarem para buscar novos ares, novas melodias se misturam em antigas letras resultando em canções atemporais sobre como eu me sinto... e para me proteger de mais uma tempestade eu me forcei a voltar para dentro do meu labirinto. Meus olhos estão cansados de tentar chorar, cansados de buscar por cores em um mundo tão cinza.

Me agarrei aos efeitos nocivos da chegada iminente dos meus erros e então perdi o controle das minhas palavras e dessa maneira eu selei meus sentimentos nesses textos. Quem eu sou? Menos do mesmo e mais e mais e mais sorrisos falsos buscam minha aprovação para substituirem minha feição triste.

Momentos cruciais são esquecidos para dar espaço as lembranças que me fazem eu me sentir incapaz.. angelicalmente a data mais odiada do ano se aproxima com uma sutileza muito ardilosa. O chá está frio e a comida estragou antes que eu sentisse fome, a noite acabou antes do sono chegar.. a vida só vai começar quando eu me matar...
Eu estou evitando dificultar esse momento que já é naturalmente tão difícil de aguentar.. as ruas são todas as mesmas.. outra tempestade veio me visitar, outra rodada de angústia e amargura veio me derrubar.

Eu já me cansei de tentar vencer essa guerra, já estou exausto de tentar não me sentir assim... todos os meus limites foram testados nesses últimos 15 anos... acho que talvez esse seja a hora de aceitar minha derrota.. está tudo bem perder, eu não tenho medo da morte... todas as batalhas que arduamente resisti com todas as minhas forças.. eu não sou o herói dessa história. Talvez eu seja apenas um idiota por ter acreditado que eu poderia ser feliz...

Meu mundo cinzento e sem sabor dita minhas condutas, muitos dias em que eu me esqueço de esquecer que eu não mereço ser feliz, 

O aluguel

As frustações já não me abalam mais... elas me nocateiam mas eu me recuso a cair, eu estou calejado e muito bem acostumado com o amargo sabor a derrota.. eu vim aqui deixar essas palavras nascerem dos meus piores sentimentos mais uma vez.. preciso descansar para que eu consiga me sentir cansado, eu estou precisando jantar para que eu sinta fome, preciso sorrir para fingir que está tudo bem.
Todos os meus passos são calculados para que siga roboticamente em segurança até meu lar, eu tentei tanto ser alguém melhor que eu acabei me apagando dentro de um personagem.
Quanto custa para eu sentir que eu sou sinceramente eu mesmo?

O cair da noite me deprime apenas pelo simples fato de eu estar ciente que não sou mais capaz de apreciar o brilho das estrelas mortas, uma brisa leve ke guia pelo caminho, e a seguir é cada vez mais estreito e perigoso cada vez mais repleto de armadilhas maliciosamente feitas para eu me matar.. eu sinto a pressão em meus ombros, estou tenso e nem sei explicar o que está acontecendo... o preço para alcançar o topo é muito mais caro do que eu posso pagar..

... cidade medíocre

E eu finalmente me nomeio uma Cidade, sou a Cidade Medíocre
Seguindo esse caminho eu viu ruir, me avisou com urgência, um estalo rápido com um som seco e comprimido me alertou pela segunda vez no mesmo dia
Eu sonhei..

Epifania

Me senti sozinho em uma cidade com milhões de pessoas, meu ser é vazio de palavras e completamente cheio de mentiras, os dias passam muito rápido e as noites são perigosas... meus braços gelados e meu olhar indisposto são um reflexo da desgraça que eu causo ao existir, eu estou em um ciclo vicioso em que toda noite eu brinco de apostar minha vida com a morte...
Andar pela Avenida que já me ensinou tanto é algo muito gratificante... poder olhar para trás e sentir que tudo aquilo me fez crescer e evoluir, cada dia era uma nova aventura e pela perspectiva de um jovem tolo cada vez que eu subia e descia aquela Avenida eu me sentia vivo e por isso sei que essa nostalgia ainda vai me alcançar e se tornar negativa.

Uma sensação crescente de que tudo vai ruir a qualquer segundo vai se acomodando, um medo iminente de ainda estar vivo amanhã me arrepia e eu sei que tudo o que eu tentei foi em vão... já não tenho mais aquela fé por tempos melhores pois eu finalmente aceitei a verdade. Me mantive dopado pelas minhas próprias mentiras tentando me cegar da verdade dos fatos.

Uma epifania me abriu os olhos e finalmente eu consegui aceitar que tudo que eu sempre quis nunca vai se tornar realidade pois eu não sou suficiente para alcançar meus maiores sonhos. Nada de novo para esse que é só mais um sob o céu. Estou sem amardura alguma... totalmente nu emocionalmente pra poder mastigar com muita calma e vigor esse sentimento tão puro de decepção.
Todas as estações em que eu me forcei a sobreviver até aqui se tornaram inúteis, tudo o que eu suportei em silêncio e o quanto eu batalhei por isso... tudo foi em vão. Desesperança genuína transborda em meu peito e nada mais parece fazer sentido agora que eu vejo a verdade tão clara quanto o sol brilhante no céu, eu poderia chorar por meses ou até anos inteiros de tanta tristeza que eu sinto nesse momento mas aí eu lembrei que eu não sou mais capaz de chorar.

O trânsito robótico dessa cidade me ajuda a me desconectar das piores partes da minha alma, eu deixo todos os sistemas operando com o mínimo de eficiência necessária para evitar que eu enlouqueça e pule de uma ponte. Altas doses dr arrependimento me invadem e distorcem meus 5 sentidos... sempre pronto para colisão que pode ocorrer a qualquer segundo, eu sempre soube como será o final disso.
Estou sendo lentamente consumido por um turbilhão de pensamentos suicídas, rastejando em direção a um porto seguro que me mantenha longe de tantos meios letais de tirar minha própria vida. Tudo parece tão vazio.

Eu desvio a atenção de todos tentando ao máximo lhes arrancar risadas e escondo meus piores segredos em muitas camadas de mentiras que digam que eu estou muito bem. Eu abracei e aceitei as nuances de todas as faces da minha depressão.

Buscando A Direção

Abro um livro buscando o saber

Olhos fechados tentando entender

Estou correndo sem a menor razão

Paralisado buscando a direção

As raízes se tornaram profundas

As palavras soaram tão imundas

Sempre mantendo as velhas tradições

Muito coeso nas contradições 

Seu destino torto e ardiloso

Ato final soa bem pretensioso

Até gerou uma certa comoção

E culminou bem aqui nesse refrão 

Ohhhhh

O som da chuva que vai me guiar

Minha hipocrisia veio me assombrar

E mesmo assim não digo quem eu sou

Sou o amor onde só o ódio reinou

Ohhhh

Abro um livro buscando o saber

Fecho os olhos tentando entender

Estou correndo sem a menor razão

Paralisado buscando a direção