sexta-feira, 5 de junho de 2020

Outro dia preso

Outro dia preso a mesma rotina, outra manhã desperdiçada tentando dormir, outra vez o mesmo trajeto.. o mesmo trem.

Outra vez o vazio me sufoca.

O sangue que corre em minhas veias é escuro e impuro, sou parte do pecado mais cruel já feito. Eu sou um câncer que deve ser erradicado com urgência.
Os sons da cidade estão tão distantes apesar de eu estar bem em seu coração, os olhares tão robóticos apesar de sermos todos humanos... o tempo anda mais devagar justo quando eu quero desligar o sistema central e apenas adormecer pela eternidade... milhões de caminhos e escolhas erradas...
... eu sou uma ilha sem vida alguma.

Paciência é a virtude daqueles que vivem com temor da morte, adrenalina corre pelo meu corpo me anestesiando para que eu possa morrer sorrindo...
O vinho derramado manchou meu orgulho para todo o sempre. E eu carrego arrependimentos muito mais pesados do que eu posso aguentar.
Eu espero que tenham servido o jantar antes que eu descubra aonde eu pertenço.
O dia se foi e tudo o que fiz foi cometer os mesmos malditos erros mais uma vez.
Todos os cômodos estão cheios de remorsos... todas as gavetas estão ocupadas com meus pecados.

Eu mereço ser feliz?

Sinto minha garganta rasgar, estou desesperado por ajuda, meu grito é abafado pelo meu medo de ninguém se importar.. cada vez mais fundo nesse mar... cada vez mais impossível de ser salvo...vocês sabem muito bem que eu sou apenas um suicídio ainda não realizado. Eu estou cercado por pensamentos muito perigosos... já passou do horário de eu escapar desse labirinto que eu milimetricamente construído com muito carinho e cuidado para me destruir sem nunca conseguir alcançar ajuda.

Eu sou o meu maior inimigo.

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