domingo, 23 de setembro de 2018

Transbordei Amor

As mentiras que visto logo já se tornaram a minha pele
As contradições que digo por  pura diversão
Muito mais fácil a dor quando não te fere
As poesias que escrevi se tornaram minha maldição

Estou  tão vazio que transbordei amor

O remorso e as lágrimas viram gritaria
E o mar seca, o humor varia

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Garoto Sorridente

Aos 17 ele decidiu fugir
Incoformado com essa tal de 'sociedade'
Ele estava cansado de ter que mentir
E obstinado a viver de verdade

Sua mãe procurou por todo canto
Estava muito preocupada
Achava que o encontraria usando um manto
Numa esquina qualquer, ela sentia-se culpada

Seu pai logo parou de procurar
Ele o achava um verdadeiro fracasso
Ele não tinha por que se lamentar
Ele foi apenas um 'acidente' no passado

Dias passaram, quando estava pensando em voltar
Ele conheceu João, o maconheiro
E depois a garota saia curta que queria se casar
Arrumou um emprego e ganhou dinheiro

Um ano depois que ele se desapareceu
Ele se apaixonou por uma garçonete
Ia lá toda noite, e finalmente aconteceu
Mal sabia ela que ele não tinha nem internet

Eles saíram muito mais de uma vez
Estava vivendo tudo aquilo que sempre quis
Então pra uma serenata ele fez
Que contava para ela como ele era feliz

Um ano e meio depois de fugir do inferno
Sem querer, numa manhã a mãe o viu
Era Agosto e estava perto do inverno
Após tanto tempo, ela o seguiu

"Não vou" quando ela mandou ele voltar
Ele disse que estava muito bem ali
E ela o amava demais para notar
Que não era o correto tirá-lo dali

Ela é mãe, o queria de volta
Ele se foi e deixou de vez a sua vida antiga pra trás
Ela não o entendia, toda aquela revolta
Ele já estava feliz, com sua namorada e com aquilo que faz

João se casou com a garota de saia curta em dezembro
E ele era feliz naquele seu caminho
Não sei o resto pois não me lembro
Mas de algum jeito ele acabou sozinho

5 anos, e essa história
Eu o conheci por uma carta de suicídio e desde o início
Considero essa minha mais triste memória
Sou o detetive que o achou, após ele pular de um precipício

Eu encontrei sua mãe, seu pai já tinha falecido
Ela chorou muito mas depois ela me agradeceu e sorriu
Eu devo admitir que nunca vi nada parecido
Ela me contou que nunca entendeu por ele fugiu

Fazem 45 anos que o conheci
E eu estou muito doente, não preciso de nenhum aviso
Pra afirmar que nunca me esqueci
Do garoto que encontrei morto com um sorriso

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Eu sou o furacão

Como café forte preto e bem quente, um desconforto vem tomando muito espaço da minha vida.. estou familiarizado com isso mesmo sem entender..

Eu não sei o que é, mas tem algo errado.

Um sentimento enorme veio e sem explicação alguma senti uma imensa saudade de uma manhã que eu não me lembro bem o que aconteceu, uma nostalgia genuína de algo que não consigo me lembrar... eu escrevo páginas e mais páginas, textos e mais textos e continuo rodopiando no mesmo lugar.... e eu nunca estou bem, estive tão perto de alguma forma diferente da minha existência mas não consigo descrever, e finalmente estive tão longe das minhas palavras.. estive tão bem que eu me esqueci destes rascunhos.. eu estou tão... cinza? Novamente?
Eu tomo grandes doses de paranóia com sal e limão e sinto a garganta queimar, eu sinto o sabor amargo dos meus piores pensamentos me afogarem, eu me afasto do meu porto seguro e me sufoco em meus medos, eu estou no olho do furacão.

Eu sou o furacão.

... estou mais alto do que jamais estive, estou queimando lentamente cada um dos meus motivos pra sorrir, eu sou um sobrevivente dramático que nega qualquer ajuda.. eu sou um teatro abandonado, um coração partido, eu não sou o que sou.

"Não é tão difícil"

Andar nunca me pareceu tão difícil, meu corpo está pesado, minha garganta está ardendo, meus malditos pulmões me indicam dificuldade, vejo as minhas unhas rasgarem minha pele, descaso e despreparo é a fórmula ideal, e o que eu almejei foi o que mais me machucou, passos lentos e tortos justamente como uma maldita aberração, cada linha que escrevo aqui meu desprezo aumenta, eu sou um câncer de alma e corpo.. se ao menos eu conseguisse superar todo esse remorso que eu guardo com carinho em meus ombros... eu sei bem como terminar com essa dor... eu sou uma vítima de minhas loucuras e o culpado de todos os males do mundo, eu sou inspiração do poeta e a maldição do profeta e também um erro na criação (quase que perfeita) de Deus!
Estou sendo lentamente consumido pelo calor do momento e meu ódio está me cegando e com uma vontade insana de morrer. Quando as bombas nucleares caírem eu serei o senhor morte com as minhas lágrimas mais fatais. Doce desafio, a minha vida é tão fútil e não é justo toda a felicidade que senti pois não mereço
Quando os garotos como eu morrem.. pra onde eles vão?

É impossível me salvar, eu sei.

Hoje eu acordei ao lado de um estrada silenciosa e serena, e com o sol me julgando com a força do ódio que Jesus sente por mim, eu enfrentei os demônios que cantam sinfonias fúnebres, não me diga o que eu devo sentir, eu aperto os olhos e o sinto o ventaval matinal em meus cabelos "estou certo ou errado?", e a glória da derrota me entorpeceu.. estive cantando minhas confissões aos ventos, com toda a força dos meus pulmões eu gritei em silêncio, eu quis algo que nunca tive e uma corrente pra me prender aqui, eu nunca quis ficar aqui e mesmo assim eu não consigo evitar, eu não consigo escolher... eu aprendi a voar e eu amei cair, eu perdi a fé e amei a dor, eu me sufoquei em cada um dos meus devaneios paranóicos, estou cansado de tentar estar bem... eu jurei ter um final digno dos meus pecados, eu já vivi tudo e agora é hora de erradicar este câncer maldito da face da terra.. eu jurei que irei sofrer em minha morte... mas eu admito que no fundo destes pensamentos eu ainda estou à procura de uma luz..
Como saber que estou certo se eu já não sinto mais nada?
E cada vez mais eu evitei pensar pois eu sei já sei o que irei conseguir, e quando o sol brilhar como ouro e a lua iluminar como prata..

..Eu finalmente serei esquecido para todo o sempre.