Mesmo se o tempo quiser me apagar

Mesmo se o tempo quiser me apagar

Rastejando

Eu vejo os segredos pelos cantos, as sinfonias que foram compostas em nome do suicídio.. e quando eu me sinto vazio, amargo e solitário é justamente quando eu afasto.
Eu me afastei de praticamente tudo que me fazia sorrir, eu me amarrei ao que é nocivo e eu não me assustei, ninguém mais estava esperando, ninguém me vê aqui... não quero uma felicidade química, eu não quero ter alguém me analisando...

Todos os dias eu levanto vazio e vou dormir cinza, eu acordo cansado e vou dormir sem sono, eu faço a janta sem vontade e como sem fome, eu toco meu violão sem estímulos e componho canções vazias.. eu nunca me senti tão assim... eu estou em perigo, e só eu sei disso, todas as luzes desta sala estão me julgando.. eu vejo nas entrelinhas o destino implorando pela minha morte. Nas páginas eu leio sobre como sou um fracasso, com os meus olhos eu vejo todo o mundo seguir, nas minhas mãos eu seguro angústia de mais uma terça-feira... nos meus sapatos a sujeira dos meus atos e a desgraça da minha existência.

A chuva me odeia, os céus e o universo também.

O sol ilumina um caminho sem volta.. para um futuro em que eu não esteja aqui. Tudo está tão sem sabor, o mundo todo está sem cor, eu sou tão frágil e desafortunado, logo vou desaparecer.. os medos estão rugindo, o céu laranja e eu cansado.. minha proteção está tão frágil...
Eu bebo mais um gole deste café frio, eu desvalorizo todos os meus sorrisos, eu brinco com meus infinitos medos, eu sou o rei do drama, eu levo a autodepreciação metafórica para um nível literal em minha vida, sinto um desespero genuíno, eu não mereço perdão, eu não mereço ser amado, não mereço ser feliz, e peço desculpas pelo incômodo, não me atenda quando eu clamar por misericórdia, não derrube nenhuma lágrima, por favor, me odeie também. Quando estive em tempestades eu conseguia sentir meu mundo de desfazendo, e quando eu mentia eu via todos sorrindo, e quando eu era sincero todos os sorrisos sumiam.

Estou constantemente duvidando dos meus passos, das minhas palavras, da minha força.. sinto toda a pressão dos meus erros, eu estou claramente andando em círculos.. todos os sinais apontam para o mesmo fim, todas as páginas na internet estão notificando meu suicídio, o sinal está claro.. mas eu não quero falar sobre isso.. Eu realmente não quero falar sobre isso!
Eu tenho medo de magoar, mas eu simplesmente me odeio, eu mereço morrer.. e eu sei disso fazem anos, eu mereço sofrer.

Os chimbais estão no tempo, os tons afinados,  o surdo está no tom, o bumbo e a caixa estão dançando, o grave do baixo está afiado, e as 6 cordas da guitarra gritam ainda mais. Sou um mero pagão, eu vejo anjos e eles estão me ameaçando, numa tarde cinza num quarto cheio de vazio, ao lado da janela eu confesso estar preso num vício sobre o fim de tudo e nesse vício encontrei fim do meu remorso.. em meu leito de morte eu agradacerei por toda dor que senti e todos os sorrisos e toda alegria que vivi, o céu está com hematomas e eu também, toda a  minha culpa será levada pra longe, e eu não sentirei mais ódio.
Me lembro de tudo que fiz, tudo que almejei, tudo que errei, tudo que eu te fiz passar.. Não se preocupe, eu serei punido pelos meus pecados.. Jesus não me perdoará, ele me prometeu que vai me torturar pela eternidade, ele e seu Pai vão lavar meus pecados me destruindo da maneira mais visceral, e eu estou ancioso por isto.

Confie em mim, pois o escuro nunca me assustou.

O inimigo

Eu vejo nas suas palavras o descaso, eu descanso quando estou só, eu sou o vilão.. eu sou o inimigo.

Sou o brilho das estrelas mortas, as coisas sem explicação e o medo da morte, sou a vontade de amar, sou Seixas sem ser Raul... tenho medo de me perder eu suas tramas, e com tanta falsidade minhas mentiras já são verdade, sou o azul da sua tristeza, sou invisível também. Eu canto sobre a dor que eu sinto, eu sou o erro, um câncer na sua vida, machista e egoísta, vejo nas suas palavras nunca ditas que você não me ama mais e não me quer e eu leio nas entrelinhas a abertura para algo sem mim.

Suas palavras distorcem os fatos, suas flechas destroem a mim.

Sem mais intenções, eu abandonei todos que me importavam e me asfatei de tudo que me fazia eu me sentir real ... eu sou idiota.. vou me destruir e te tornar livre, vou me dopar e morrer com muita dor, pois é o que eu mereço. Meu sangue vai diluir com a água do chuveiro, meu sofrimento vai acabar com o meu último suspiro.

Me desculpe.

Eu não sou forte o bastante e quando vi o quanto reclama disso tudo eu me senti com vergonha de existir, um misto de humilhação e auto degradação, se você me vê assim por que diabos eu deveria viver? Você me ajudou a me odiar ainda mais.

Eu decidi ler ainda mais sobre prevenção ao suicídio e encontrei um local que dizia para fazer uma lista das coisas que lhe fazem mal e afins

Uma lista das coisas que eu odeio:

1 - meus olhos e a cor deles
2 - minha pele
3 -  meus braços
4 - minhas costas
5 - meu cabelo
6 - meu peito e barriga
7 - meu corpo todo
8 - minha voz
9 - minha personalidade
10 - Eu.

Perdedor vazio

Eu sou um perdedor.

Sou um fracasso em tudo que vivi e não há nada que eu seja bom.. eu saturado dessas constantes derrotas e cada vez mais eu quero poder... o gosto amargo da derrota se tornou o meu predileto... eu perdi todas cores do mundo, eu perdi todos os sabores e cheiros, eu perdi todas as risadas, eu perdi toda a alegria, eu perdi o tesão, eu perdi a vontade de tocar, eu perdi a força de vontade pra continuar, eu perdi a vontade de chorar, eu perdi todas as emoções.. eu me sinto vazio e cinza... apenas quero continuar deitado em silêncio.

Num céu iluminado pelo brilho de milhares de estrelas mortas eu me senti vazio, eu deixei minha última lágrima cair, e agora eu já não me importo mais.. eu sinto meus arrependimentos rastejando na minha pele, eu sinto todo o peso da culpa me consumindo... eu sinto vontade de desaparecer, de sofrer... de viver.

Debaixo do chuveiro eu sinto minhas barreiras ruindo uma a uma...

Eu não sinto mais vontade de sair, de correr, de me divertir, nem de chorar ou até mesmo de me dopar.. minha carcaça está vazia.. estou vazio.

Não me sinto triste, nem feliz, nem amado, nem emocionado.. eu semplesmente não sinto.

Última Melodia

Abro os olhos me levanto pra mais um dia
Componho minha última melodia

E pelas ruas não vejo cores nem sinto os sabores
E eu até tentei cantar as minhas dores
Sou vazio, um verdadeiro precipício
Eu sempre soube que seria assim, desde o inicio

Eu não sinto mais prazer em estar aqui

E eu não consigo mais chorar
O defeito é que não consigo me preocupar
Resta ao vinho me salvar deste abismo
E que eu não ceda ao egoísmo

Eu não sinto mais prazer em estar aqui

Não sinto mais nenhum frio
Um vazio que veio e me cobriu
Não consigo nem mais sorrir
E você me diz pra resistir
Me implora pra ao menos tentar
Algo que nem consigo explicar
O escuro não me assuta mais
O medo da morte já ficou pra trás

Mesmo sozinho

Eu desenho o tempo e desdobro o sentido, me iludo com meu sonhos, eu estou sendo carbonizado, o ar daqui é muito mais pesado, eu deixo você sentir a minha desgraça, eu coloco a prova.. me deixe te colocar num pedestal, amo sua voz, me diga o que devo fazer, com qual corda eu devo... outro tempo, outras ações, outras pessoas, outro eu.

O que te mantém vivo por dentro?
O que te mantém acordado a noite?

Eu já não falo mais sobre o que me fez chorar, eu escondo em meus sorrisos que me sinto em perigo, tudo se afasta enquanto eu sorrio com desdém... eu estou bêbado de saudade, eu tenho pouco tempo pra pensar, tudo está ruindo e eu me afasto de vocês. Não me chamem, não se arrependam, não chorem, me queimem e joguem as minhas cinzas no lixo, destruam as minhas fotos.. esqueçam minha voz e meu sorriso, evitem minhas lembranças, façam meu rosto desaparecer para sempre.. por favor, me odeiem.

Me dê uma corda, para eu ir.. para eu ser feliz.

Estamos desligando os sistemas, essa indecisão me colocou sobre fogo, as parades tem as cores dos teus olhos, e o céu tem o azul da minha tristeza.. meu coração vai parar e algum dia o chão vai me engolir, os relógios vão me ignorar, e agora percebo claramente que eu sou invisível, minhas decepções são palpáveis, as minhas bombas vão cair e silenciar tudo.. eu tive meu orgulho manchado, o descontrole desbloqueia e me empurra para a ponta deste precipício... eu estou atrasado, chorando e magoado, eu fui enganado, não tenham misericórdia quando minha dor desaparecer. Nas letras e melodias eu vendo e sobreponho a dor, a esperança me beijou e depois me traiu, na minha mente sombras imploram por suicídio, monstros querem me ver sofrendo.. Eu vejo Jesus... Jesus Cristo chorando e pedindo para que eu me mate. Eu sou a porra de um câncer, uma maldição que será erradicada.. eu serei o seu álibi.

Eu leio com atenção e sinto um frio na espinha, te esperei a semana inteira e quando veio me trouxe vontade de... você me faz sentir tão especial, dobrando a esquina eu sinto seu passo tão familiar e nesse mundo só eu sei que você me. Estou nu e sem defesas, desolado e angustiado, pela janela eu vejo que todos que me esqueceram.. nos últimos segundos, nenhuma mentira pode me salvar.. eu sinto meu peito dormente e minha mente esvair e minha visão ficar embaçada.. eu vou sussurrando meus erros em novas canções, do jeito que começou, uma equação trocando de estações, virando a cara sem dizer nada, em silêncio e com vergonha.. eu não consegui me salvar, eu não consigo me perdoar, não consegui me amar.. alguém, por favor, faça isso parar.. Dias lavam as memórias, outro dia que eu lembro do cinza.. mas eu juro que ainda sou o mesmo garoto desenhando o céu, ainda sou a mesma criança jogando futebol, tudo está rodando e eu já não sei mais quem sou, eu fecho os meus olhos e assumo a culpa.. eu me sinto bem melhor quando sou usado, quando sou humilhado, quando me odeiam.

Eu sou ódio.